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Catedral
Catedral de Rio Branco

Catedral de Rio Branco

ANO DE FUNDAÇÃO: 1958
REITOR: Pe. Manoel Monte
VICE-REITOR: Pe. Robis Pierri Souza de Farias
SECRETÁRIA: Antônia Pereira
END.: Praça da Catedral, nº 08 – Centro
CEP: 69900-094 – Rio Branco – Acre


Horários de Missa:
SEGUNDA A SÁBADO: 19H
QUINTA-FEIRA: 12H
DOMINGO: 6H | 8H | 17H | 19H

CONFISSÕES
SEGUNDA A SEXTA: 8H30 às 11H30 | 17H às 18H30

ADORAÇÃO
TERÇA-FEIRA: 12H

NOVENA DE NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO
TERÇA-FEIRA: 18H

GRUPO DE ORAÇÃO FAMÍLIA DE NAZARÉ
SÁBADO: 17H

GRUPO DE JOVENS INTERLIGADOS
SÁBADO: 18H

A Catedral de Rio Branco, dedicada a Nossa Senhora de Nazaré, por ser a Igreja Mãe da então Prelazia, merece um capítulo aparte da nossa história.

Sua construção cheia de aventuras e sacrifícios nos mostra a fé do povo que deu início e acabamento a uma construção grandiosa e fora do comum para o que existia na época. E tudo com recursos próprios, sem ajudas do exterior. Digna de louvor e admiração!.

A história começou quando no dia 25 de julho de 1948 aconteceu a sagração de Dom Júlio Mattioli, como Bispo-Prelado da Prelazia Nullius de São Peregrino Laziosi do Alto Acre e Purus. “Pela tarde desse mesmo dia, dia 25 de julho de 1948, o Sr. Bispo Prelado, assistido por três Bispos, dez sacerdotes, muitas autoridades e gente do povo e representantes de todas as associações religiosas, lançava a primeira pedra da nova Catedral de Rio Branco”.

Dias depois o jornal da época noticiava o evento: “O tempo, que até então foi absolutamente favorável à realização de todo o programa traçado, por um instante quase prejudicou o lançamento da pedra fundamental da futura Catedral da cidade de Rio Branco, levada a efeito às 17 horas do último domingo, perante enorme multidão. Contudo, apesar da chuva iminente, o brilho dessa cerimônia não foi diminuído. Conduzido, em procissão, o SS. Sacramento, até o local onde foi lançada a primeira pedra do majestoso templo que se erguerá nesta cidade, ao lado do Palácio Rio Branco, ali teve lugar esse auspicioso acontecimento, que encheu de júbilo todos os acreanos. Na ocasião discursaram em alusão ao acontecimento, Dom Bertoldo Büchi, Bispo de Cochabamba, que oficiou a cerimônia da benção da pedra fundamental, e o Dr. Mário de Oliveira, ilustre Procurador regional da República em nosso Território”.

“No dia 20 de dezembro foi lavrada a escritura mediante a qual a Prelazia entrou de posse do terreno onde surgirá a nova Igreja Matriz e o Palácio Episcopal”.

Para realizar a obra, ideou-se aproveitar o mesmo material que iria ser tirado do lugar da construção, o barro para fabricar os tijolos, base fundamental de toda a construção. Assim, “Já em Junho de 1949, tinha sido iniciada uma olaria no terreno da futura Catedral, foi queimada a 1ª. Caieira com 78.000 tijolos de 4 a 9 de Setembro. O tempo não foi muito favorável e a queimação ficou um pouco prejudicada”.

Mas, os dias passavam e o trabalho não se concretizava na prática, e as paredes que todo o mundo queria ver levantadas, não se viam por nenhum lado.

O interesse era grande e a expectativa muita, e por isso os trabalhos, dado o tamanho e o volume da obra projetada, demoraram um pouco em começar. O interesse do povo de ver sua Catedral iniciada era grande. Assim, “Obedecendo à insistência por parte do Governo e do Sr. Bispo-Prelado, como também ao desejo da população, foram iniciados hoje, dia 11 de Dezembro, os trabalhos para a construção da Catedral com cerimônia singela, em que tomaram parte algumas autoridades e alguns fiéis e crianças, que com cantos e vivas exprimiram seu contentamento”.

Como demonstração de seu interesse: “O Sr. Governador, José Guiomard dos Santos, ofereceu 100 sacos de cimento para a nova igreja. Que Nossa Senhora recompense tanta generosidade”.

Todo o povo colaborava na construção. A população, generosa, colaborou ativamente com festas e quermesses para os custos da construção. Os arraiais eram frequentes; todas as doações de qualquer classe eram bem recebidas. Todos ajudavam para ver subir as paredes da nova Catedral, que muitos achavam um exagero, dado seu tamanho, pois nunca iria encher de gente.

Como amostra, o cronista da época nos deixou este exemplo de participação do povo, e das diferentes classes sociais na construção da Catedral: “15 de Outubro de 1950. Início das festas em honra de N.S. de Nazaré. Ontem tivemos uma linda procissão para a translação da imagem de N.S. de Nazaré da capela da Santa Casa para a Matriz às 19 horas com velas e lanternas. E hoje, domingo, uma linda procissão do Círio com a imagem na berlinda artisticamente preparada pela família do Dr. Flávio Batista. A procissão foi concorridíssima apesar do sol causticante. Começou depois da 1ª. Missa, isto é, às 7 horas, e terminou às 8,30. Foram celebradas mais duas Missas. A noite de hoje foi dedicada às Associações religiosas, o resultado líquido foi: Cr.# 4.375,00. Noite dos Estudantes e Professorado: Cr# 11.006,00. Funcionários do Banco do Brasil: Cr# 1.000,00. Por iniciativa do Sr. Nelson Nascimento Leitão, de prendas angariadas no comércio pelo mesmo Sr. Nelson Nascimento: Cr# 1.420,00. Renda total das barraquinhas: Cr# 6.816,00. Lista entre os funcionários do Correio: Cr# 310,00. Oferta da firma S.B. Macedo: Cr# 15,00; Família J. Nogueira: Cr# 50,00. Aluguel do salão paroquial: Cr# 1.200,00. Oferta a N.S. de Nazaré : Cr# 231,00. Noite da Guarda Territorial: Cr# 6.33,00. Funcionários do Governo: Cr# 16.150,00. Noite do Exmo. Governador: Cr# 27.163,00. Total Arraial de 1950: Cr# 77.024,00, incluindo 1.000,00 da Prefeitura.”.

Nos livros de crônicas vão aparecendo notícias do andamento da construção e suas dificuldades nos trabalhos: “As obras da Igreja do Primeiro Distrito estão bem iniciadas também. A falta do material preciso, cimento, ferro, tijolos, tem impedido maior impulso. Esperamos poder continuar na fábrica de tijolos no mesmo local da Igreja, para ter os tijolos mais em conta”.

Apareceu uma notícia importante para o futuro da Catedral, e o cronista, em diferentes lugares e maneiras esteve muito atento para deixar-nos menção dela: “No 18 de janeiro de 1950, com avião da Cruzeiro, chega o Pe. André Ficarelli OSM, que vem ao Acre para trabalhar aqui para a glória de Deus e para benefício das almas e da Ordem”.[9] E em outro lugar, “Este ano marca a chegada de mais forças novas e preciosas para a Prelazia, como a do Padre André Ficarelli. Sua atuação como Padre e arquiteto seria preciosíssima”.[10] E ainda: “… A Catedral Nossa Senhora de Nazaré é grande e luminosa. É seu arquiteto e construtor o Padre André Ficarelli, o qual se inspira para o projeto na Igreja de Santa Sabina, de Roma. A população podia constatar então quanto fosse decadente e acanhada a igrejinha de São Sebastião, a primeira paróquia da Missão, construída em 1912”.

As necessidades e os precários meios econômicos para tão grande objetivo fizeram possível inventos e soluções que deixariam, no futuro, bens para todos: “Uma medida oportuna foi a instalação de uma cerâmica dentro do próprio perímetro da Catedral, emprestada que fora pelo Governo. Administrada competentemente pelo Pe. André Ficarelli, a cerâmica serviu para produzir o material de várias construções, como serviu também para treinar mais de 80 operários nesta arte”.

Os anos passavam e as obras continuavam. Às vezes não tão rápidas como seria de desejar, mas tudo era feito com passo firme e com algumas dificuldades. Diversas notícias da época nos colocam em sintonia com o que ia acontecendo no dia a dia:

“Pelas cinco horas da tarde, do dia primeiro de fevereiro de 1952, os Padres Carlos Zucchini e André Ficarelli, foram fazer visita ao novo Governador, Sr. João Kubitschek Figueiredo. A palestra foi muito cordial. Prometeu ajudar a construção da nova Matriz”.

Mas parece que suas promessas não foram cumpridas de imediato. Assim, “ No dia 4 o Pe. Vigário mandou no Palácio uma carta ao Sr. Governador para pedir 100 sacos de cimento em empréstimo, conforme sugestão do próprio Governador, a fim de continuar os trabalhos da nova Matriz, parados já faz um ano e meio. No dia 5 o Pe. Vigário recebeu o deferimento do pedido do cimento. No dia 7 foi começada a limpeza dos arredores da Catedral. À tarde o Gaudêncio foi buscar e levar o cimento”.

E as festas continuavam, além da do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a quem seria dedicada a nova catedral, aproveitava-se qualquer outra festa para arrecadar recursos para a construção que, segundo alguns, estava demorando demais: “Pela manhã do dia 20 de Julho de 1952, às 7,15 saiu da Matriz a procissão com a Imagem do S. C. de Jesus, que se dirigiu para a construção da nova Matriz. Lá foi rezada a S.Missa pelo Pe. Carlos M. Zucchini. Durante a S. Missa a Banda de Música tocou cânticos religiosos. À noite o Exmo. Sr. Governador e família deu no clube Rio Branco um jantar em benefício das obras”.

Todos se sentiam partícipes da construção e todos queriam contribuir: “Hoje, dia 23 de Novembro de 1952, após a S. Missa das 9 horas correu a rifa de um barquinho, oferecido a N. S. de Nazaré pelos marítimos do quadro do Porto. Deu um total de Cr# 1.360,00, quantia destinada à construção da nova Matriz”.

As Irmandades, bem constituídas, e sendo uma força importante da paróquia também se organizavam e davam sua contribuição: “Hoje, dia 5 de abril de 1953, dia da Páscoa, foi aberta, pela primeira vez, a nova barraca em benefício da nova Matriz, feita construir para venda de café, etc… As Irmandades tomarão conta dela aos Domingos”.

Campanhas de todo tipo se organizavam para conseguir objetivos específicos e conseguiam ser efetivas: “No dia 20 de janeiro de 1955 é lançada a campanha das telhas para a nova Matriz”.

Depois de oito anos começaram a verem-se alguns resultados, bem manifestos para todos, até para os incrédulos que não tinham fé de ver a obra terminada: “No dia 10 de outubro de 1956 termina o serviço de alvenaria da nova Igreja com a inauguração do cruzeiro, iluminado à noite”. E nessa empreitada foi transcorrendo a década dos cinquenta. “Assim, a 8 de abril de 1957, a nova Catedral de Rio Branco era coberta completamente…”.

E, depois de vários anos, de muitos sacrifícios, de inúmeros trabalhos, o cronista já pode cantar vitória: “Nestes anos, finais dos 50, vem quase ultimada a Catedral Nossa Senhora de Nazaré, cognominada o ‘Milagre da Floresta’. Mede 60 x 20 metros, ocupando uma área de 1.500 metros quadrados, podendo conter até 4 mil pessoas".

Até estas datas a sede da Prelazia era Sena Madureira com sua Catedral Prelatízia de São Peregrino Laziosi. Assim, “Em virtude do decreto papal ‘Ad Extantia’, de 26 de abril de 1958, da Sagrada Congregação Consistorial, a Prelazia que antes se chamava ‘Prelazia Nullius de São Peregrino Laziosi do Alto Acre e Purus’ passava a se chamar com o simples nome de ‘Prelazia do Acre e Purus’. Além disso, decretava que o templo paroquial de Rio Branco, dedicado a Nossa Senhora de Nazaré, fosse elevado ao grau de Catedral Prelatícia. Desta maneira, a sede da Prelazia foi transferida de Sena Madureira para Rio Branco”.

“Durante o ano de 1960 foram aprontadas na Catedral as quatro Capelas laterais. Foi adquirido um harmônio (Cr$80.000,00)”.

E, como referência das atividades pastorais que já se desenvolviam no âmbito da nova Catedral, sabemos as estatísticas das Irmandades e Associações religiosas que faziam parte da igreja viva: “A Catedral Nossa Senhora de Nazaré, no ano de 1958 tinha Congregados Marianos: 35; Vicentinos: 20; Liga Católica: 320; Apostolado da Oração: 250; Irmandade N. Sra. das Dores: 56; Cruzada Eucarística: 110; Filhas de Maria: 30”.

O jornal da época fazia-se eco da notícia da inauguração e dos primeiros atos realizados na Catedral, mas não esquecia, lembrava e deixava transparecer as saudades da velha igrejinha de São Sebastião, até esse momento centro da vida eclesial da cidade de Rio Branco: “Num local aprazível da cidade, ergue-se, majestosa e imponente, a Catedral de Nossa Senhora de Nazaré que, graças à boa vontade do nosso povo católico, e ao trabalho dos abnegados padres Servos de Maria, tem sua construção bem adiantada, se levarmos em consideração, a data em que o prédio foi iniciado. Os ofícios religiosos já estão se realizando naquele templo, templo que pouco a pouco vai se tornando mais bonito, mais vistoso. Quando na Semana Santa, deste ano, os ofícios da Paixão ali foram realizados, tão grande foi a multidão que ocorreu à Catedral, que ela foi quase que insuficiente para abrigar a massa compacta de fiéis. Olhando aquele prédio gigantesco, e já quase pequeno para compactar a multidão de fiéis em dias grandiosos da Igreja, lembrei-me da pequenez da matriz de São Sebastião, humildemente instalada lá no seu cantinho na Av. Epaminondas Jacomé. Agora é a Catedral… Mas, ela a igrejinha, já teve os seus dias de faustos. Pela sua pia batismal, passaram gerações e gerações… Muitos foram os padres que no pé de seu altar disseram ‘Introibo ad altare Dei…’ A igrejinha era tudo na cidade… O seu sino, acanhado e pequeno, anunciava a hora das orações aos fiéis… Casamentos pomposos e casamentos pobres ali se realizaram. A igrejinha, com tudo isso, e por tudo isso, passou a ser uma parte da vida do povo rio-branquense que a estimava e a queria muito bem… Mas hoje, pequena, humilde e desajeitada, a igrejinha é considerada pequenina demais. É considerada uma capela… Mas os habitantes de Rio Branco, como que a não se conformarem com o abandono da Matriz de São Sebastião, ou para prestar-lhe uma homenagem muito reverente, fazem, contritos, ao passarem pela frente da Igreja do Padroeiro da cidade, o sinal da cruz. O sinal da cruz é para você, nossa igrejinha, que já foi tudo para nós… Mas há marcha em nossa cidade”.

E, aos poucos, em volta da Catedral ia-se fazendo a vida normal, ajeitando seus arredores e terminando a nova residência episcopal: “Neste mês de setembro de 1959 foi iniciado o trabalho de calçamento ao redor da Catedral”.[25] E também, “No dia 27 de novembro de 1959 o Bispo Prelado muda-se para o novo Palácio Episcopal, em construção, em apartamento provisório: quarto, sala, e banheiro”.[26] No dia 03 de agosto de 1962 foram concluídos os trabalhos de levantamento da residência do Prelado.

O primeiro vigário da nova Catedral foi o Pe. Ivo Lanzoni, OSM.