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História
A CAMINHADA DA IGREJA CATÓLICA  DIOCESE DE RIO BRANCO  (1877-2016)

A CAMINHADA DA IGREJA CATÓLICA DIOCESE DE RIO BRANCO (1877-2016)

01. Em todos estes anos de história, a Igreja tentou responder sempre aos desafios de cada período, guiada pela luz do Espírito Santo, seguindo as orientações da Igreja, principalmente através dos documentos do Concílio Vaticano II e os das Conferências Episcopais da Igreja Latino-Americana, em comunhão com os seus cinco bispos que pastorearam esta Igreja local.
02. O último foi o Documento de Aparecida (2007) que alertou sobre a mudança de época em que o mundo se encontra neste novo milênio, convidando a apressar uma conversão pessoal e pastoral, reconhecendo que a Igreja é chamada a evangelizar num mundo secularizado e pluricultural. E conclamou toda a Igreja latino-americana e caribenha pra uma grande Missão Continental.

04. A cada dia, a Igreja de Rio Branco, guiada pelo Espírito e atenta à sua realidade, vê seu rosto modificar-se, tentando adquirir uma feição mais solidária, samaritana, ministerial, missionária, mais presente e próxima do povo.

05. Novos tempos, novas realidades e novos desafios, constantemente pedem novas respostas e novas atitudes, que a Igreja, como fiel discípula do Mestre, deve dar, procurando sair, acolher e escutar as necessidades e urgências pastorais que o povo apresenta.

06. O Reino de Deus se deve caracterizar pela ausência de uma classe social de pobres, onde todos os seres humanos vivam como irmãos, sem mais excluídos nem marginalizados, onde não existam diferenças de raça, cor, credo ou condição social, e onde o respeito e o diálogo com o diferente sejam as atitudes que ajudem a construir uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.

07. Quem quiser se engajar na missão da Diocese de Rio Branco não pode deixar de ler e estudar o livro “A História da Diocese de Rio Branco”, para conhecer uma longa caminhada de evangelização, com suas luzes e sombras, e que iniciou com as primeiras notícias documentadas da presença da Igreja Católica na região desde o ano de 1877.

PERÍODOS DA CAMINHADA

1º. Catolicismo popular, tradicional e familiar (1877-1920)

08. A História da Igreja na região amazônica mais ocidental do Brasil começou com a chegada dos primeiros nordestinos, atraídos pela febre da borracha, em volta do ano 1877, quando o território ainda pertencia à Bolívia.

09. O território atual do Acre pertencia à paróquia de Lábrea e fazia parte da Diocese de Manaus, sendo atendido religiosamente pelo pároco de Lábrea, nas famosas desobrigas pelo Purus e Acre, que demoravam vários meses, até chegar a Xapuri.

10. Durante muitos anos, o catolicismo praticado foi um catolicismo sem padres, cheio de devoções aos santos, com terços, novenas, promessas, rezadores e oratórios domésticos. O Cristo Morto, Nossa Senhora, São Francisco das Chagas e São Sebastião foram os companheiros de uma vida de sofrimento, ao longo dos rios e no centro dos seringais.

11. A fé, porém, era vivida de maneira familiar, leiga, com muita reza e pouca missa, com muito santo e pouco padre. O povo só se reunia para os festejos de um santo, ou para a visita do padre vindo de Lábrea. Mesmo sem a presença permanente do padre, o povo guardava sua fé através das devoções trazidas do Nordeste, e simbolicamente guardadas nos “santuários” que trouxeram de sua terra natal.


2º. A Sacramentalização (1920-1950)

12. A História da Diocese de Rio Branco, propriamente começou em 1920, quando a Igreja, conforme as orientações do Papa, criou a Prelazia de São Peregrino Laziosi, desmembrando-a da Diocese de Manaus, e colocando-a sob os cuidados de Dom Próspero M. Bernardi e a Ordem dos Servos de Maria.

14. O bispo e três religiosos foram os primeiros que, de forma permanente, iniciaram o trabalho pastoral em toda a região dos rios Purus e Acre, com as quatro paróquias que já tinham sido criadas em 1910, São Sebastião de Xapuri, Imaculada Conceição de Nova Empreza (Rio Branco), Nossa Senhora da Conceição de Sena Madureira e São Sebastião de Vila Antimary. Posteriormente, em 1921, chegaram as Irmãs Servas de Maria Reparadoras para ajudar na missão evangelizadora, principalmente nas áreas da educação e da saúde.
15. As cidades existentes receberam, mais estavelmente, a presença dos padres que organizaram os trabalhos pastorais e construíram as primeiras igrejas. Naquele tempo, o trabalho que se achava mais importante era o da sacramentalização, isto é, batizar, casar todo mundo e aumentar o número de confissões e de comunhões, sem a principal preocupação de catequizar, pois todo mundo devia ser católico sem ninguém questionar a fé.

16. O árduo trabalho se estendeu ao longo de todos os rios, através de desobrigas longas e cansativas. Os Padres e as Irmãs se dedicaram à pastoral com total dedicação e com muito entusiasmo, a ponto de muitos adoecerem gravemente e até deram sua vida como consequência das dificuldades da missão.

13. Naquela realidade, e com as dificuldades próprias da época, a Igreja não tinha as mínimas condições financeiras, vendo-se os Padres obrigados a aceitar as embarcações e a hospedagem dos seringalistas para viajar ao longo dos rios e poder realizar as desobrigas nos seringais. Esse apoio foi um dos limites da época, pois a Igreja não chegou a tomar conhecimento das verdadeiras causas da pobreza do povo.

14. Nas cidades foram organizadas Associações devocionais para viver a fé comunitariamente, como: Apostolado da Oração, Vicentinos, Confraria de N. Sra. das Dores, Congregação Mariana, Filhas de Maria, etc... Muita gente participava e se sentia atraída por essas novas devoções, lançando-se dessa forma a primeira semente de um catolicismo mais vivencial e com maior prática dos Sacramentos.

15. Em 01-02-1944 recebeu-se a notícia do falecimento de Dom Próspero M. Bernardi, na Itália. Seu sucessor foi do Júlio M. Mattioli, que em 1948 foi sagrado como o novo bispo da Prelazia. No mesmo dia, e após sua sagração, foi lançada a primeira pedra da futura Catedral em Rio Branco. Pelo crescimento da cidade, que passaria a ser a capital do Estado, também se pensou em mudar a sede da Prelazia, de Sena Madureira para Rio Branco, começando com a construção da nova Catedral.

3º. As Obras Sociais (1950-1971)
16. A Igreja sentiu a urgência de iniciar alguma obra de assistência social para aliviar as grandes necessidades da população, cuja média de vida, em alguns rios, era apenas de 20 anos. De cada mil habitantes, 16 eram hansenianos e, de cada 1000 crianças, 830 morriam no primeiro ano de vida. O analfabetismo no estado era de 80%.

17. Todos os religiosos, principalmente através das Irmãs, começaram um grande trabalho em favor da educação, chegando a construir e a dirigir 08 estabelecimentos de ensino, atingindo em volta de 3.465 estudantes, fundamentalmente em Sena Madureira, Xapuri e Rio Branco, onde o ensino chegou até os mais desfavorecidos daquele tempo, com uma educação de alta qualidade.

18. Foi um grande esforço que a Igreja fez, dando o melhor de si na formação integral da pessoa, acreditando que a educação é o primeiro passo na promoção de todo ser humano. Foi um trabalho que tinha como prioridade os mais humildes. Muitos acreanos tiveram uma vida mais digna graças à Igreja e às suas iniciativas sociais.

19. Também o campo da saúde foi outra grande preocupação da Igreja. A precariedade no atendimento dos doentes, a baixa qualidade dos poucos centros de saúde existentes, o descaso das autoridades para com os mais necessitados, levou a Igreja a entrar também nesse campo, tentando paliar algumas das urgências existentes.

20. Dom Júlio M. Mattioli morreu no Rio de Janeiro em 13-04-1962, vítima de cirrose hepática, resultado das numerosas malárias e hepatites contraídas nas suas correrias apostólicas. Já em tempos de Dom Giocondo M. Grotti, seu sucessor, a Prelazia assumiu sob sua responsabilidade o cuidado dos hansenianos, na Colônia Souza Araújo, dando o atendimento e dignidade que mereciam, através de enfermeiras voluntárias italianas.

21. Posteriormente, em 1968, foi a inauguração do Hospital Santa Juliana. Grande obra social, que sob os cuidados das Irmãs Servas de Maria Reparadoras, marcaria a história do povo acreano, com saúde de qualidade e atendimento religioso, sendo um referencial em toda a geografia acreana.

22. Apesar desse enorme trabalho, e com o aumento da população, o número dos doentes, dos desempregados e dos analfabetos aumentava cada vez mais. A Igreja foi descobrindo que, além das obras sociais, precisava começar outro trabalho que visasse procurar soluções para as causas da miséria e dos outros problemas.

23. O Concílio Vaticano II (1962-1965), que teve a participação de Dom Giocondo, marcou a vida da Igreja nas décadas posteriores. A Igreja tentou responder à pergunta: Igreja, que pensas de ti mesma? A volta às fontes, a renovação das práticas sacramentais, a abertura para o povo ler a Palavra de Deus, a visão do mundo e seus grandes desafios, provocaram uma nova linha de ação e de prática pastoral, que chegou também à Prelazia, de mãos de seu entusiasmado e jovem bispo.

24. A Prelazia tinha iniciado sua renovação pos-conciliar, com novas iniciativas pastorais, quando chegou a triste notícia da trágica morte de Dom Giocondo em acidente aéreo, em Sena Madureira, no dia 28-09-1971. Toda a Prelazia paralisou esperando novos acontecimentos.

4º. A Pastoral Libertadora (1971- 1986)
25. A partir de 1970, o Governo incentivou a transformação dos seringais em fazendas para a criação de gado. Com o lema vendido no Sul do país: “Terra sem gente para gente sem terra”, provocou nova migração para o Norte, especialmente para o Acre. Essa foi a causa da expulsão violenta dos seringueiros, da destruição da floresta por gigantescos desmatamentos e, por conseguinte, do inchamento das cidades.

26. A Igreja, nesse contexto social, começou a se questionar sobre o valor das obras sociais, antes vistas como solução. Agora se pretendia encontrar soluções para a causa dos problemas, que tinham aumentado consideravelmente, através de uma formação mais humana e social.

27. À luz da Conferência Episcopal Latino-Americana de Medellín, em 1968, e do Plano de Pastoral de Conjunto dos Bispos do Brasil (1966-1970), a Prelazia procurou dar mais destaque à evangelização que a sacramentalização, como também investir menos em obras assistenciais e mais na formação de leigos, como agentes de pastoral, que fossem sementes de transformação, através do trabalho nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

28. Assim, já em 1971, foi convocada, em Rio Branco a 1ª Assembleia Geral de todos os agentes de pastoral, isto é: padres e irmãs, sendo ainda insignificante a presença de leigos. Foi o primeiro sinal de renovação e de trabalho em comunhão entre todos os agentes de pastoral.

29. Naqueles debates sobre a Pastoral, surgiram as primeiras CEBs, interligadas pelo Boletim “Nós Irmãos,” e por dois programas radiofônicos: “Somos todos irmãos” e “Ave Maria”. Os monitores que coordenavam os Grupos de Evangelização chegaram a ser 195 no final de 1972.

30. No mesmo ano de 1972, em Santarém, aconteceu o primeiro Encontro dos Bispos da Amazônia, no qual a prática pastoral iniciada na Prelazia foi confirmada e incentivada. Nasceu, assim, o I Plano de Pastoral da Prelazia que, com alguns acréscimos e modificações sucessivas, orientou todo o trabalho até 1977.

31. Dom Moacyr Grechi, sucessor de Dom Giocondo, foi sagrado bispo no dia 21-10-1973. Ele deu continuidade às prioridades fundamentais do I Plano de Pastoral, as mesmas que foram indicadas no Encontro de Santarém: 1. Formação de Agentes de Pastoral; 2. Comunidades Eclesiais de Base; 3. Pastoral das Estradas e dos Rios; 4. Pastoral Indigenista; 5. Promoção Humana; 6. Instituição do Dízimo; 7. Pastoral da Juventude.

32. Além do Plano de Pastoral, também começaram a circular pela ampla geografia da Prelazia vários subsídios populares como comentários bíblicos, cartilhas sobre diversos assuntos, iluminando a realidade social e formando a consciência do povo diante das injustiças reinantes, e o descaso continuo das autoridades para a solução dos problemas sociais.

33. Esse material de formação procurava uma evangelização realmente libertadora, através das CEBs, pois se verificava que no Acre, as consequências do pecado se chamavam: prostituição, falta de casa e de higiene, falta de condições para uma vida saudável, dinheiro e terras concentrados em poucas mãos, famílias desajustadas, marginalização de seringueiros e de colonos.

34. Nesse período, tempo da Ditadura, e diante da investida maciça de empresas agropecuárias, a Igreja foi a única instituição que atuou decisivamente na defesa dos trabalhadores rurais, denunciou injustiças e atendeu casos individuais e coletivos.

35. As CEBs propiciaram o surgimento de líderes abertos aos problemas do povo sofrido, exercendo uma função conscientizadora. Foram agentes que promoveram novas experiências de cooperativas, movimentos populares, e grupos político-partidários do Estado. Adubaram o terreno onde desabrocharam diversas formas de organização no campo e na cidade: sindicatos e movimentos específicos em defesa dos índios, estudantes, lavadeiras, estivadores, professores e outros.

36. Em 1976 surgiram, na Prelazia do Acre e Purus, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e o CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos). O enfrentamento aos desafios se tornou cada vez mais urgente e a Prelazia se abriu à cooperação de missionários, padres, congregações religiosas e voluntários leigos que, aceitando as linhas pastorais da Igreja local, após o necessário estágio, colocaram-se a serviço das comunidades, pastorais e organização popular.

37. A Igreja passou, naquele período, por duras perseguições no Brasil. No Acre também se manifestou a perseguição através de diversos embates: líderes cristãos afastados de emprego pelo governo; programas de rádio e de televisão controlados e até proibidos; espionagens feitas nas reuniões da Igreja; pressões, intimidações e ameaças dirigidas a leigos e padres.

38. A década de 80 se abriu com novos desafios. Os bairros de periferia das cidades, sobretudo em Rio Branco, multiplicaram-se com a chegada, em massa, de seringueiros de todos os municípios e agricultores das antigas colônias, que iniciaram o fenômeno das primeiras ocupações, em áreas sem a mínima infraestrutura.

39. Na área rural, ao mesmo tempo, foram implantados Projetos de Assentamento Dirigido (PAD), chamando levas de migrantes do Sul do país e ex-seringueiros, que só encontraram doenças e abandono. Naquele contexto social, os líderes das CEBs, além do compromisso sindical, despertaram para um compromisso partidário, incentivados pelo decálogo da Pastoral Partidária.

40. Nos Conselhos Pastorais daquela década se debatiam, com muita angústia, os problemas antigos e novos: desemprego, migrações do campo para a cidade, famílias desajustadas, violência, drogas, alcoolismo, seitas, atendimento pastoral aos novos bairros e aos PAD.

41. Também existiam problemas internos, próprios da Igreja, que igualmente eram debatidos: vocações sacerdotais e religiosas, liturgia, juventude, catequese para todas as idades e formação em geral. Tudo isso, a fim de propiciar uma doutrina sólida diante das novas e crescentes propostas religiosas. Começaram-se Cursos para batizados, Curso de Teologia, Pastoral Familiar, Pastoral Urbana e mundo do trabalho.

42. Esse período terminou com a festa de criação da Diocese de Branco, acontecida no dia 29 de julho de 1986, no Ginásio “Álvaro Dantas”, quando também foram festejados os 25 anos de sacerdócio de Dom Moacyr. Estavam presentes todos os padres, todas as religiosas, a maioria dos agentes de pastoral e cinco bispos da região.

5º. Tempos difíceis (1987-1999)
43. A nova Diocese de Rio Branco começou sua missão imprensada entre duas forças antagônicas, que se enfrentaram com mais violência, nos debates das emendas a serem introduzidas na nova Constituição, promulgada em 1988: de um lado os grandes empresários e latifundiários com seus partidos conservadores, e do outro as forças democráticas e populares que a Igreja apoiava.

44. A sociedade vivia apavorada com a escalada da violência que, a cada dia, aumentava e que continuou até ao final da década de 90: esquadrão da morte, gangs de traficantes de drogas, vítimas esquartejadas com motosserra, corpos enrolados em sacos de plástico, encontrados em igarapés, assaltos, violência policial, impunidade, fuga de presos, testemunhas assassinadas...

45. O Estado do Acre parecia não existir mais, ou era conivente com toda essa situação. Em 1987 se reuniram na casa do Bispo vários representantes da magistratura, do governo e das pastorais, tomando a decisão de realizar um dia de luto, de oração e jejum, suspendendo a celebração das missas e concentrando o povo diante da Catedral.

46. As Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil, publicadas em 1987, tentavam abrir novos caminhos para evangelizar o mundo moderno, dadas as profundas transformações sociais e mudanças culturais. Iniciava-se, assim, um período de novos questionamentos dentro da Igreja.

47. A Diocese começou a tomar consciência do fenômeno do pluralismo religioso, pelo crescimento de Igrejas pentecostais e o surgimento de inúmeras expressões de neo-pentecostalismo. Vários líderes da libertação, engajados nas CEBs, em movimentos sociais, sindicais e políticos, manifestaram sua opção religiosa pelo Pentecostalismo, Espiritismo, Daime e Renovação Carismática Católica.

48. Em junho de 1988, Ivair Higino, líder de CEB, foi mais uma vítima da UDR, dentre outros vários seringueiros. Chico Mendes denunciou que os médicos nem deram o atestado de óbito e que os jagunços invadiram o velório. Em dezembro, foi a vez dele, assassinado a mando dos fazendeiros. Foi quando o Acre se tornou manchete de todos os jornais do mundo.

49. No ano de 1989 aconteceu em Rio Branco o Encontro de 15 bispos do Regional Norte I, que abordaram vários problemas de interesse para a Igreja amazônica: índios, meio ambiente, exploração das riquezas do solo, poluição dos rios, fortalecimento dos jovens na fé e participação da juventude na política, utilização dos meios de comunicação.

50. A Diocese de Rio Branco tentou dar suas respostas pastorais para os novos tempos que se viviam, retomando os antigos questionamentos e enfrentado os novos. Assim, as CEBs tiveram uma estratégia pastoral gloriosa na caminhada da Diocese, marcando presença nas áreas mais distantes e abandonadas. Trabalharam a dimensão e o engajamento sócio-político, o protagonismo dos leigos, a leitura libertadora da Bíblia, lutando contra as causas dos males e das injustiças, preparando as bases para uma nova política no Acre.

51. Porém, no novo contexto de mudanças sociais, econômicas e culturais, as CEBs, sobretudo nas cidades e na nova classe média emergente, não conseguiram renovar-se para enfrentar os novos desafios. Mesmo assim continuaram tendo um apoio e uma referência especial em todas as paróquias pela sua bandeira de opção pelos pobres, protagonismo dos leigos, ética e cidadania e leitura da realidade com os olhos da Bíblia e presença nos lugares mais distantes e abandonados.

52. Em 1989, diante do crescimento assustador dos bairros de Rio Branco, a Diocese começou a humanização das paróquias, aumentando o seu número de cinco para nove, algumas sendo coordenadas por religiosas. Também foi aprovada a divisão do território da Diocese em cinco regiões pastorais, para descentralizar os trabalhos de evangelização. Novos centros comunitários foram construídos na periferia da cidade, para dar o espaço físico necessário às CEBs e às suas atividades religiosas e sociais.

53. Em 1990, começou na Diocese o ECC (Encontro de Casais com Cristo) que, aos poucos, foi considerado por todas as paróquias como um importante serviço em favor dos trabalhos pastorais, assim como uma escola de evangelização. Devia ser um meio eficaz para a Pastoral Familiar. Várias Pastorais surgiram, nesses anos, por ocasião das Campanhas da Fraternidade, como a Pastoral Carcerária e a Pastoral da Criança.

54. Em 1993, foi fundado o Mosteiro Santa Maria da Esperança. Uma presença silenciosa e orante de monjas beneditinas na vida da comunidade eclesial de Rio Branco, procedentes do Mosteiro de Santa Cruz, de Juiz de Fora.

55. Em 1995, a Diocese se abriu a iniciativas que lutavam não só contra as causas, mas também contra as consequências dos problemas, favorecendo instituições de prevenção e recuperação, como o “Projeto Caminho Aberto” para recuperação de dependentes químicos e o “Projeto Beija-flor” para os meninos de rua (1997), e dezenas de “Escolinhas” para a inclusão de crianças fora da escola pública.

56. O vazio que as CEBs deixaram nas cidades, foi preenchido de alguma maneira pelos Movimentos Eclesiais e devocionais, como: Focolares, RCC, Legião de Maria, Vicentinos, Apostolado da Oração, Mãe Peregrina, etc. Foram alternativas que cresceram consideravelmente, tornando-se suscitadoras de novos líderes na Igreja. Nunca foram Movimentos que caminharam em paralelo por terem encontrado diálogo, acompanhamento e integração nos Conselhos Paroquiais e Diocesanos.

57. Em 1998, a Diocese de Rio Branco comemorou os 25 anos de episcopado de Dom Moacyr, reconhecido pela comunidade religiosa e civil como o grande incentivador das CEBs, ONGs e Sindicatos, contribuindo para a organização do povo. No mesmo ano, foi nomeado Arcebispo de Porto Velho, mas assumindo a função de Administrador Apostólico da Diocese de Rio Branco, até a chegada do novo Bispo.

6º. Novo Milênio – Novos Rumos (1999-2007)
58. O Novo Milênio começou praticamente com a chegada de Dom Joaquín. Ele foi ordenado bispo no dia 30 de maio de 1999, e no dia 25 de dezembro, solenidade do Natal, celebrou-se a abertura do Ano Santo da Redenção. Na Catedral, abriu-se a Porta Santa, esculpida com o Cristo do Terceiro Milênio, e com as palavras: “Eu sou a porta, quem entrar por mim será salvo”. Era o convite e o desafio para o homem do terceiro milênio, caminhar com Jesus Cristo, como único e absoluto caminho de salvação, acesso seguro ao Pai.

59. Dom Joaquín, abrindo a Porta Santa, vislumbrou os maiores desafios para os primeiros anos de seu episcopado: Humanização das paróquias (paróquias menores); Pastoral Vocacional, para um clero mais santo e mais numeroso; Formação de leigos; Criação da Escola Diaconal; Economia sustentável e mais transparente; Sustento econômico e digno para padres e irmãs; Pastoral do Dízimo; Fortalecimento da Pastoral de Conjunto.

60. A IX Assembleia Diocesana de Pastoral, no ano de 2002, fez uma ampla reflexão sobre a ação evangelizadora, onde se decidiram as quatro prioridades a serem trabalhadas, até o ano de 2006: Comunidades Missionárias, Formação, Pastoral Familiar, Pastoral Social. As Diretrizes apontaram quatro pistas nortearam o quatriênio: Vocação, Família, Opção pelos pobres, Valores cristãos. Tudo isso a partir das Diretrizes da CNBB, com as quatro exigências da evangelização inculturada: Serviço, Diálogo, Anúncio e Testemunho.

61. O espírito de Serviço veio através das Campanhas da Fraternidade que favoreceram o avanço da caminhada eclesial fortalecendo pastorais e serviços sociais, como a Pastoral Carcerária, Pastoral da Criança, Pastoral da Sobriedade, com a recuperação de dependentes químicos, Escolinhas paroquiais de reforço escolar, e a criação da Cáritas diocesana, com cursos para geração de renda, produção de alimentos e remédios alternativos.

62. O Diálogo começou com a Campanha da Fraternidade do ano 2000, que foi ecumênica, e teve uma tentativa de reunir padres, pastores e agentes das várias denominações religiosas, para refletirem sobre todo tipo de exclusão e marcar juntos, datas, eventos e manifestações sociais contra a violência, a corrupção e apoio a personalidades injustamente ameaçadas. Mas o ecumenismo era um sonho, longe de tornar-se realidade.

63. O Anúncio, com a Pastoral urbana, com o aumento dos não praticantes e a situação dos jovens, exigiu um novo impulso. Nesse período as comunidades reclamavam, como nunca, da escassez de padres: bairros, vilas, estradas, rios, paróquias novas e algumas de antiga fundação, acusaram a falta de visitas por parte dos sacerdotes. Na área rural as comunidades se reduziram por causa do êxodo rural, da pouca assistência pastoral e o aumento de inúmeras denominações protestantes, que cresciam assustadoramente.

64. Foram várias as soluções e as respostas que se deram para paliar esses novos desafios que apresentava o trabalho pastoral, com a resposta generosa de novas Congregações religiosas que chegaram à Diocese, e leigos e leigas, que se prepararam para assumir a direção de paróquias e novas áreas missionárias.

65. Houve um consenso geral em promover novas experiências, como as Células de evangelização, para que as paróquias marcassem presença nas áreas mais distantes e nos ambientes de trabalho. Os Grupos de Oração da RCC começaram a ser mais valorizados e o Retiro de Carnaval “Rio de Água viva”, conseguia reunir milhares de pessoas.

66. Diante de diferentes iniciativas de evangelização, os leigos se articularam criando o Conselho Diocesano dos Leigos, e os jovens realizaram a experiência da Missão Jovem, tanto na própria Diocese, como no recém-criado Regional Noroeste. Em algumas paróquias se organizou a Infância Missionária e três delas realizaram a primeira experiência das Missões Populares com metodologia local.

67. A Pastoral Familiar, que se tornou prioridade desde o ano de 1997, favoreceu a formação de equipes para realizarem ações pastorais voltadas para adolescentes, jovens, namorados e famílias em geral. O Serviço ECC foi levado à maioria das Paróquias da Diocese, enquanto se investia na evangelização através do Canal 27 – TV Vida.

68. O Testemunho de comunhão fraterna em Comunidades vivas e acolhedoras surgiu com o Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio”, sugerindo às comunidades o estudo do livro dos Atos dos Apóstolos, para uma fundamentação bíblica de uma Igreja pronta a testemunhar a comunhão fraterna, concretizando assim a Pastoral de Conjunto, com planejamentos participativos através do Conselho de Pastoral Paroquial e o Conselho de Assuntos Econômicos.

69. Na tentativa de arrumar a própria casa, as paróquias antigas receberam o Decreto de criação (que nunca tiveram), enquanto antigos Vigários foram nomeados pela primeira vez com a oficialidade de Párocos, com cerimônia pública de “Tomada de Posse”. Várias áreas missionárias foram transformadas em Paróquias ou Quase-Paróquias, coordenadas por diáconos ou irmãs. Cada Paróquia começou a ter sua Assembleia, seu Conselho Paroquial de Pastoral, sua Equipe de Animação Pastoral e seu Conselho de Assuntos Econômicos, enquanto a Diocese renovava suas estruturas de participação, de decisão e de execução.

70. Três decisões importantes: Seminário Maior, Escola Diaconal e FADISI, implicaram grandes recursos humanos e financeiros, mas também a alegria de novas ordenações de presbíteros e de diáconos permanentes que foram ao encontro dos gritantes desafios da Diocese, como a situação de Paróquias sem padres e de áreas geográficas e ambientes sem a presença da Igreja.

71. Vários eventos marcaram aqueles anos. O Alvorecer da Ressurreição, feliz iniciativa que se tornou sinal de uma Igreja que queria ser viva, ousada, acordada e corajosa. A Romaria dos Mártires em Xapuri, em 2003. A peregrinação da imagem de N. Sra. Aparecida por todos os municípios, em 2004, com motivo do centenário de sua Coroação. O XVII Congresso Nacional do ECC, realizado em Rio Branco, em 2005. A Romaria da Terra e das Águas em 2007, em Rio Branco.

72. Diocese e paróquias continuaram seus esforços para modernizar os espaços físicos, em igrejas e espaços pastorais; foi construído o Centro das Pastorais Sociais, em nível diocesano; reformado e ampliado o Centro de Treinamento, com capela incluída, passando a ser chamado “Centro de Formação da Diocese”; reformada a Casa de Acolhida Souza Araújo; ampliado e reinaugurado o Hospital Santa Juliana; inaugurado o Santuário São Peregrino; reformada a Catedral e a construção de sua belíssima torre.

73. Foi criada a Pastoral da Comunicação (PASCOM), unificando a direção dos serviços dos dois canais de TV, programas de rádio, site e a nova Revista “Nós Irmãos”. Algumas paróquias começaram a publicar seu Informativo Mensal e a divulgar sua caminhada entre internautas, através de sites e blogs paroquiais.

74. Chegaram para somar forças, os Irmãos Maristas, os Frades Menores Capuchinhos, as Irmãs Dominicanas, as Irmãs Missionárias Marianas, as Irmãzinhas da Imaculada Conceição e as Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado.

75. A criação de novas paróquias durante esse período tentava humanizar um pouco as grandes extensões geográficas que abrangiam os espaços paroquiais. Assim foram criadas as paróquias N. Sra. Rainha da Paz em Acrelândia, São Judas Tadeu em Rio Branco, São Sebastião em Epitaciolândia, Santo Antônio em Capixaba, N. Sra. de Nazaré e São Lourenço em Porto Acre e São João Batista em Bujari.

76. O novo rosto da Diocese começou a se espelhar na bela obra de arte da Catedral, reformada com torre campanário e pintura da abside, que com o Livro da “História da Diocese de Rio Branco”, de Dom Joaquín, juntamente com as obras literárias “As Contribuições da Igreja do Acre e Purus para a Ética Social” do professor Paulo Klein, e “A Amazônia que não conhecemos”, fruto do empenho e do interesse de Frei Heitor pela defesa da Amazônia, muito contribuíram com a história da Igreja.

77. Para tudo isso, precisou-se atender de forma urgentíssima, as seis Dimensões Pastorais mais importantes:
a) Comunhão e Participação: A Coordenação Diocesana de Pastoral cobrou com sucesso uma Pastoral de Conjunto, promovendo encontros mensais com as Equipes de Animação Paroquial, mantendo um diálogo e comunicação mais intensa com as Pastorais, Serviços e Movimentos.
b) Dimensão Missionária: As Santas Missões Populares, com as etapas de Acordar, Saborear e Aprofundar, produziram bons e abundantes frutos, nas paróquias que conseguiram acolher a proposta, com a formação de uma visão missionária nas várias pastorais, realização de cursos bíblicos e retiros periódicos e multiplicação dos grupos de evangelização.
c) Dimensão Bíblico-Catequética: Iniciou-se a Escola Catequética, um verdadeiro sinal profético em todo o Regional Noroeste, dando mais identidade e valor aos Catequistas. O Curso Bíblico, a cada ano, contou com a assessoria dos padres do Verbo Divino para os agentes de pastoral. Várias paróquias organizaram Cursos Bíblicos permanentes sobre o Evangelho do ano, seguindo as orientações das SMP.
d) Dimensão Litúrgica: A Equipe Diocesana de Pastoral Litúrgica marcou mais presença, com encontros de formação em nível diocesano, como também com formação dada nas próprias paróquias às equipes de liturgia, cada vez mais numerosas, e às coordenações de coroinhas, cada vez mais atuantes.
e) Dimensão ecumênica e diálogo inter-religioso: O Ecumenismo no Acre sempre foi um grande sonho. As Campanhas da Fraternidade Ecumênicas (2000 e 2005), não tiveram um êxito satisfatório. O relacionamento entre a Igreja Católica e as outras denominações cristãs, de antiga ou de recente fundação, caracterizou-se sempre pelo proselitismo e pela agressão. Um sinal começou a se acender no início em 2007, com o Instituto Ecumênico Fé e Política, favorecendo uma convivência de tolerância, de diálogo, de respeito e de amizade.
f) Dimensão sócio-transformadora: As Campanhas da Fraternidade desses anos favoreceram a educação para a paz; cuidar e defender a vida da pessoa idosa ou com deficiência; cuidar e defender a vida da Amazônia; o cuidado com a vida humana, em geral, desde a sua concepção até sua morte natural. Isso ajudou muitas paróquias a dar início à Pastoral da Pessoa Idosa e a focalizar melhor a grande convocação do XII Intereclesial das CEBs, que aconteceu em Porto Velho, no ano de 2009. Percebia-se, em geral, uma acentuada preocupação com os problemas internos da Igreja, gerando um enfraquecimento de algumas Pastorais, que tiveram grandes dificuldades para proporcionar a formação necessária aos seus membros, perdendo sua mística e sua atuação, como a Pastoral Carcerária, Pastoral da Sobriedade, Pastoral da Criança e da Saúde.

7º. Conversão Pastoral urgente (2007-2016)
78. O Documento de Aparecida, publicado em 2007, veio confirmar a experiência que as paróquias tiveram com as Santas Missões Populares, sentindo a urgência de um impulso missionário, no mundo secularizado e com diferentes propostas religiosas. Os valores cristãos, que estavam na base da vida comunitária, justa e fraterna que ao longo desses anos vivenciamos nas CEBs, eram ameaçados, cada vez mais, por uma cultura hostil, pagã e contrária ao ensinamento do evangelho.

79. Quem sofria as consequências eram os jovens e as famílias, agredidos pela insegurança, desemprego, dependência de álcool e drogas. As ofertas religiosas se multiplicavam em cada esquina e chegavam a complicar o relacionamento tanto nas famílias como nos ambientes de trabalho onde era rotina ouvir queixas de católicos atacados e agredidos pela intolerância religiosa.

80. Em 2008, a Coordenação Diocesana de Pastoral se preparou para a XI Assembleia, solicitando a todas as Comunidades e Pastorais uma séria reflexão à luz do Documento de Aparecida, com a referência das Novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Tratava-se, principalmente, de encontrar caminhos para evangelizar os areópagos modernos. Fazer das paróquias escolas de discípulos missionários, garantindo uma identidade católica, através de uma formação permanente, com doutrina sólida e de convicções profundas, e com celebrações acolhedoras, vivas e animadas.

81. A Assembleia marcou a caminhada de mais quatro anos de evangelização trabalhando, sobretudo, objetivos específicos: Valorizar o domingo, o dia do Senhor; Aprofundar o querigma, o primeiro anúncio; Formação cristã permanente; Acolhida fraterna e resgate das pessoas afastadas; Educação ecológica para cuidar da criação com responsabilidade.

82. E as pistas de ação sugeridas: Ministério de Visitação; Catequese com adultos; Cultivo do ardor missionário; Fortalecimento dos GAM’s; Grupos de Infância e Adolescência Missionária; Criação do Setor Juventude; Formação bíblica, litúrgica e ecumênica, específica para Ministros; Revigoramento das CEBs, Pastoral Vocacional; Pastoral do Dízimo; PASCOM; Pastoral Carcerária; Pastoral Urbana; Cáritas; Presença atuante nas comunidades rurais e ribeirinhas. Tudo organicamente articulado por uma Pastoral de Conjunto.

83. Vários eventos marcaram a vida diocesana nesses anos. Para comemorar os 50 anos da construção da Catedral foi proclamado o Jubileu Mariano (do Círio de 2008 ao Círio de 2009). O Ano Jubilar proporcionou muitos bons frutos, já almejados na Assembleia Diocesana. O Ano Sacerdotal promulgado pelo Papa, de 2009 a 2010, com o tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote”, trouxe como destaque a realização de um Simpósio teológico, debatendo o ministério sacerdotal, com ótima participação. E, no ano de 2010, aconteceu a realização do XIV Congresso do ECC da Região Norte em Rio Branco, tendo a imagem de N. Sra. da Seringueira do Acre, como principal protagonista.

84. A Catedral, a partir do Ano Jubilar Mariano, deixou de ser Paróquia para se transformar numa Reitoria interagindo mais com os ambientes de trabalho do que com sua área geográfica. As Campanhas da Fraternidade incentivaram a começar uma Pastoral urbana, visitando diferentes repartições públicas, somando forças com as iniciativas dos organismos públicos. Várias alagações em Rio Branco foram ocasião para muitos agentes de pastoral estarem presentes de forma ativa ao lado das numerosas famílias vítimas das enchentes.

85. O Curso Básico de Formação Missionária, sobre o Evangelho de cada ano, foi direcionado para incentivar os leigos a cultivarem a experiência das SMP e a se tornarem protagonistas da evangelização, na condição de serem bem preparados e terem a experiência do encontro pessoal com Cristo. Foram mais de 1.250 leigos e leigas que receberam o certificado de participação, com o compromisso de serem multiplicadores nos GAM’s.

86. A FADISI (Faculdade Diocesana São José) ficou mais conhecida e procurada, acolhendo, além dos seminaristas, todos os leigos desejosos de formação sólida na Filosofia e na Teologia, com o reconhecimento do MEC, passando a funcionar no Centro de Formação da Diocese e organizando, além dos Cursos de Bacharelado, Semanas de Filosofia e Teologia para o grande público, Cursos de Pós-Graduação, Cursos de Extensão e Mestrado de Teologia.

87. Diante de problemas sociais cada vez maiores, a Igreja começou a questionar-se sobre sua atuação, principalmente através do clero e dos leigos. Diferentes problemas sociais surgidos provocaram ações concretas como com os brasileiros com propriedades na Bolívia ameaçados de expulsão por Evo Morales; assassinatos de estudantes universitários brasileiros na Bolívia; chegada de milhares de haitianos por causa do terremoto; índios acampados durante meses; tráfico de entorpecentes; alcoolismo; violência; pedofilia; desaparecimento e tráfico de pessoas.

88. O Conselho Presbiteral e o Conselho Diocesano de Pastoral aprovaram a celebração de um Ano Jubilar Eucarístico, com motivo dos 25 anos da passagem de Prelazia a Diocese de Rio Branco. Começou com a festa de Corpus Christi de 2011 e foi encerrado com o Congresso Eucarístico Diocesano (02 - 07 de junho de 2012).

89. Foi o maior empreendimento pastoral da Diocese, com a participação de todas as forças vivas trabalhando em conjunto. Foi primordial a vontade de resgatar a preciosa e rica herança que a Igreja Local recebeu ao longo de sua caminhada. Não foram poupados esforços para isso, elaborando subsídios, organizando pesquisas de fotografias e escritos inéditos, entrevistando testemunhas da caminhada, elaborando biografias de personagens significativos, estudando documentos históricos, pastorais e teológicos. Foi publicado também o livro “Primórdios de uma Diocese”, resgatando a história dos primeiros anos da criação da Diocese de Rio Branco.

90. As Paróquias acolheram fielmente as propostas apresentadas, realizando palestras eucarísticas mensais, adoração eucarística semanal, estudo mensal sobre temas eucarísticos, estudo bíblico sobre o Evangelho de São João. Diferentes jubileus diocesanos foram programados para valorizar todos os agentes de pastoral. Todos tiveram ocasião de unir-se ao júbilo eucarístico junto com suas pastorais, serviços e movimentos.

91. O Congresso Eucarístico Diocesano encerrou, com grande sucesso, o Ano Jubilar, com a participação de representantes de todas as paróquias no Simpósio teológico, nas Celebrações com primeiras eucaristias de todas as paróquias, e na celebração e procissão final de Corpus Christi. Tudo foi fruto de uma grande vitalidade dos leigos, que organizados em numerosas equipes, assumiram todos os trabalhos e atividades realizadas durante o ano.

92. Como gesto concreto do Congresso Eucarístico se idealizou uma nova forma de acontecer as Cáritas paroquiais, levando em consideração seus aspectos bíblico, litúrgico e de tradição. Todas as paróquias começaram a praticar “o nosso jeito de ser Cáritas”, na dinâmica da caridade cristã: partilha e fraternidade.

93. A cruz e o ícone da Jornada Mundial da Juventude peregrinaram pelas paróquias da Diocese, preparando o grande encontro, no Rio de Janeiro, com o Papa Francisco. Dias de emoções e alegrias juvenis. A festa marcou a caminhada da juventude, como expressão de sua fé.

94. Diante da época de mudanças profundas que atingiam todos os segmentos da sociedade, a Igreja do Brasil aprovou suas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, na tentativa de escutar os sinais dos tempos e os desafios que neles se manifestam. Elas identificavam as “Urgências” da Igreja: Igreja em estado permanente de missão; Igreja, casa da iniciação cristã; Igreja, lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja, comunidade de comunidades; Igreja a serviço da vida plena para todos.

95. Em outubro de 2012 aconteceu a XII Assembleia Diocesana de Pastoral. Dom Joaquín apresentou o resumo dos últimos quatro anos com seu informe “Memória e Caminho”. Tempo de graça, tempo de ação de graças a Deus, tempo de avaliação e tempo de nos posicionar diante dos novos desafios que o mundo apresentava, procurando dar as devidas respostas, segundo as orientações da Igreja.

96. As “Urgências” da Igreja brasileira ecoaram também na Assembleia. Todos, como discípulos missionários, partindo de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, deviam ir pelo mundo inteiro e anunciar a Boa Nova a toda criatura. As “urgências” se deviam fazer visíveis através dos planejamentos pastorais de todas as paróquias, após a preparação com o estudo das “Prévias”. Ao lado das “luzes” que brilhavam, fruto de anos de trabalho, compromisso, e empenho por parte de todos, também existiam “sombras”, que precisavam ser clareadas com a uma nova ação e testemunho, à luz do Evangelho.

97. Durante os três dias da Assembleia foram definidos o “Objetivo” e as prioridades pastorais para os próximos quatro anos. Com o tema “Caminho, Verdade e Vida”, a Assembleia escolheu entre as cinco “Urgências”: “Igreja em estado permanente de missão”. Com o encerramento na Catedral, abria-se de forma solene o Ano da Fé na Diocese de Rio Branco.

98. O ano de 2013 foi um ano decisivo para a história da Igreja com a renúncia do Papa Bento XVI e a eleição do Papa Francisco, que trouxe um ar renovador para a Igreja. Vários documentos, como “A alegria do Evangelho”, “Laudato si”, “A alegria do amor”, marcaram a vida eclesial e o rumo da sociedade. Com a proclamação do Ano Santo da Misericórdia encerrava os Sínodos da Família, que trouxeram grandes novidades para a vida do povo.

99. Várias Comunidades religiosas chegaram para somar forças na missão: Irmãs Palotinas, Irmãs Dominicanas da Anunciata, Obra de Maria, Padres Jesuítas, Padres Redentoristas e Irmãs Scalabrinianas. Destaque também para a ajuda de várias Igrejas-Irmãs, com o envio de sacerdotes para o serviço evangelizador: Diocese de Volta Redonda-Barra do Piraí; Arquidiocese de Fortaleza, Diocese de Tianguá, Ceará; Diocese de Alagoinhas, Bahia; Diocese de Pinerolo, Itália. A Arquidiocese de Lucca, Itália, continuava presente com vários sacerdotes e leigos.

100. A criação de novas paróquias veio fortalecer a ação pastoral, dando um melhor atendimento a áreas em crescimento populacional. O crescimento de agentes de pastoral contribuiu muito no serviço de evangelização. Assim: São Miguel Arcanjo em Rio Branco, Cristo Rei na Vila Nova Califórnia, Santa Rita de Cássia em Rio Branco, N. Sra. Aparecida em Vila Campinas, São Mateus, São Paulo Apóstolo e São Jorge, em Rio Branco.

101. As últimas alagações sofridas em Rio Branco, principalmente a de 2015, levou o governo a pensar em construir a “Cidade do Povo”, para tirar o povo das áreas de risco. Essa nova Cidade trouxe novos e grandes desafios. A missão devia ser de todos. Vários missionários das paróquias da cidade marcaram presença, visitando famílias, conhecendo a realidade do povo, e tentando colocar em prática a nova forma de ser Paróquia, como Comunidade de Comunidades.

102. A formação continuou sendo prioridade na vida da Diocese. A Escola diaconal “São Lourenço” continuou formando novos diáconos permanentes para alegria de todos. A FADISI, com Semanas de Teologia e Filosofia, Cursos de extensão, Pós-graduações, Mestrado em Teologia, dava sua grande contribuição em favor da cultura e formação. A Escola Catequética e a de Liturgia também colaboraram nessa importante missão de formar e qualificar agentes de pastoral.

103. A ação em favor dos dependentes químicos ganhou mais uma estrutura para ajudar as mulheres com esse problema. A abertura da Comunidade Estrela da Manhã, trouxe um novo raio de luz e esperança para nossa sociedade. E a ação contra o tráfico de pessoas fez acontecer vários Congressos internacionais de enfrentamento a esse grande problema mundial.